lhe subiu a cabeça

É tão extensa e corriqueira a discussão sobre mulher x sensualidade. Questiono-me sobre isso sempre. Principalmente quando vejo alguém expondo seu corpo como se fosse uma carne pendurada no açougue. Tudo vira um grande açougue. Como se, o ato de tirar a roupa (ou boa parte dela) fosse fruto do sucesso, fosse o símbolo de ter alcançado algo.



Os tempos mudaram, e com isso essa forma de expor o corpo feminino também. Nos anos 20, por exemplo, foi uma grande revolução quando um figurinista Frances subiu as saias, o suficiente para mostrar as coxas. Era considerada uma ousadia. Hoje, tirar a roupa por dinheiro é comum. Mesmo que a vida toda tenha sido feita no banheiro, a troca de roupa, para que nem as pessoas de casa vissem aquele corpo, que agora estampa as capas de revistas, penduradas em qualquer banca de jornal da esquina, em qualquer clique no Google.
Dinheiro move muita coisa, a principal delas é a cabeça das pessoas, que é também movida pela vaidade. Aaahh a vaidade! Faz tantas palavras que foram ditas, se tornarem apenas passado.
Levantar bandeira do feminismo, querendo conquistar respeito em ambientes antes, somente masculinos, usando calça larga e lavando o cabelo com sabão de coco é fácil. Difícil é conseguir isso, assumindo a feminilidade, e também (e porque não) a sensualidade existente em nós mulheres. Que existe e eu não quero parecer puritana nem levantar bandeira de santa, a sexualidade existe sim. Deve ser explorada sem nenhum preconceito sim, mas, até onde vale a pena expor isso? Expor essa intimidade é mesmo necessário? Se despir de tudo, não só da roupa, apenas eleva o ego. E esse, nos dias de hoje é muito, muito valorizado. Aahh o ego! Ultrapassa todos os valores antes defendidos, e estampa capas de revistas. Fazendo a imagem maior e mais forte do que qualquer palavra ou sentimento. Depois de tanta conquista, tudo se vai por causa...dele...